PERTURBAÇÃO DO CIDADÃO EXEMPLAR | Comédias do Minho | 2022
fotos de Patrick Esteves

Um cidadão exemplar é um sujeito polido, higiénico, sem manchas negras, avesso a conflitos e um feliz respeitador de regras. Um cidadão exemplar não tem tempo porque tem a vida cheia, preenchida, sem buracos na existência. Cada vez mais cheia, mais preenchida, mais sem buracos para existir. Não tem espaço para duvidar porque não tem tempo para questionar. É afirmativo, definido, muito bem resolvido. Um cidadão exemplar não consegue parar. Porque parar é morrer e isso não pode ser. Mas não sabe dançar. Tem o corpo ressequido, o cérebro aturdido. Falta-lhe ginga na anca e fome na pança. Um cidadão exemplar não sabe dançar. E talvez isso o possa matar.


Tomando como inspiração uma das estórias mais célebres de Herman Melville, Bartleby, este espetáculo coloca em arena de combate o conceito de trabalho, tal como hoje o conhecemos. Celebra-se o ritmo como força pulsante e formadora de humanidade, num mundo-máquina desprovido de corpo-animal.


Neste espetáculo, com encenação e direção artística de Joana Magalhães, conta-se a estória desta perturbação, fazendo suar o discurso no corpo dos atores, ao ritmo frenético de uma bateria.

Encenação e direção artística | Joana Magalhães
Dramaturgia | Joana Magalhães, com excertos de textos de Gonçalo M. Tavares (A perturbação do Cidadão Exemplar), Ricardo Neves-Neves (A ilha do desporto) e Rui Pina Coelho (Estética, resistência e melancolia) e Bob Black (A abolição do trabalho)
Interpretação | Rui Mendonça, Luís Filipe Silva, Beatriz Valentim, Catarina Luís, Dinis Duarte
Composição Musical | André Nunes e Francisco Beirão
Músicos | André Nunes e Francisco Beirão
Apoio ao movimento | Ana Isabel Castro e Maria Antunes
Cenografia | Cristóvão Neto
Figurinos | Paula Cabral
Desenho de luz e som | Vasco Ferreira
Execução de cenografia | Bárbara Amen, Leonor Gomes, Maria Inês Campos
Execução de figurinos | Beatriz Prada e Maria Costa
Produção | Comédias do Minho